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Avenida Explosão: Rua Contiguiba em 1980

No início da noite de domingo, 13 de abril de 1980, Aracaju foi surpreendida por um estrondo tão forte que muitos moradores pensaram estar vivendo o fim do mundo. O que parecia ser um terremoto ou a explosão de uma fábrica foi, na verdade, uma das maiores tragédias urbanas da capital sergipana: a explosão de um galpão clandestino de fogos de artifício, escondido nos fundos da casa do subtenente do Corpo de Bombeiros, José Pedro.

O impacto foi tão devastador que destruiu casas, feriu centenas de pessoas e transformou completamente a paisagem de uma das principais avenidas da cidade.

Um domingo que entrou para a história

A explosão aconteceu em um imóvel localizado na antiga avenida Contiguiba, no bairro Suíssa — local que, desde então, ficou conhecido como “Avenida da Explosão”. O galpão clandestino funcionava no porão da casa do subtenente, onde eram armazenadas pólvora e dinamites que ele vendia para pedreiras e empresas da construção civil, utilizando sua Kombi como transporte.

No momento da explosão, cerca de 12 pessoas perderam a vida, incluindo o filho e a nora do subtenente. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e 96 casas foram completamente destruídas, além de centenas de outras danificadas. Vidraças estilhaçaram em bairros distantes, como Santo Antônio, Siqueira Campos e São José. Até hospitais e escolas próximas, como o Hospital Cirurgia, a Clínica Santa Helena e o Colégio Freitas Brandão, sofreram danos estruturais.

Resgate, caos e solidariedade

Equipes do Corpo de Bombeiros, Exército, Polícia Militar e dezenas de voluntários se uniram rapidamente para prestar socorro aos feridos. Emissoras de rádio interromperam suas programações para atualizar a população em tempo real. Muitas famílias perderam tudo e, inicialmente, foram acolhidas na Escola Freitas Brandão, até serem realocadas pela COHAB no Conjunto Assis Chateaubriand, no bairro Bugio.

Laudo pericial confirmou a atividade ilegal

Quatro dias depois da tragédia, peritos da Polícia Federal concluíram que o local funcionava como um laboratório clandestino de pirotecnia. Foram encontrados cones de papelão, bastões de papel, serragem e substâncias como nitrato de potássio, cloreto de potássio e enxofre — ingredientes usados na fabricação de fogos de artifício. O laudo confirmou que o armazenamento inadequado de material explosivo foi o responsável pela tragédia.

A pólvora artesanal, usada no local, pode causar destruição em massa dependendo de como é manipulada e armazenada — e foi justamente essa combinação de imprudência e negligência que resultou no desastre.

Uma cidade marcada para sempre

Após a tragédia, o subtenente José Pedro e sua esposa, sobreviventes do acidente, se mudaram para o Conjunto Médici. Ele viveu o restante de seus dias com o peso da responsabilidade por uma das maiores tragédias da história de Aracaju, falecendo anos depois.

Até hoje, moradores mais antigos da região relembram aquele dia com dor e tristeza. Embora a avenida tenha mudado de nome e hoje seja oficialmente chamada de Avenida Edélzio Vieira de Melo, para muitos ela continuará sendo a “Avenida da Explosão”.

Conclusão

A tragédia de 1980 deixou marcas profundas em Aracaju — não apenas nas construções e ruas, mas também na memória coletiva da cidade. Episódios como esse reforçam a importância da fiscalização, da consciência coletiva e da denúncia de atividades ilegais que colocam em risco a vida de todos.

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